Hiperidrose: saiba o que é e como tratar o suor excessivo

Saúde

A Hiperidrose não é uma doença. É uma condição de saúde comum, caracterizada por uma quantidade excessiva de suor, que atrapalha as atividades diárias de um indivíduo. Quando há mau cheiro, o distúrbio tem o nome de Bromidrose e, apesar de não estarem diretamente associados, podem acontecer simultaneamente.

Os primeiros sintomas de ambos os distúrbios costumam surgir na adolescência. Incomodam principalmente pacientes jovens, do sexo feminino e, em geral, com menos de 40 anos. Não existe uma doença ou condições causadoras da Hiperidrose ou da Bromidrose. No entanto, em boa parte dos pacientes, esses distúrbios costumam vir associados com um grau elevado de ansiedade. 

Uma pessoa ansiosa possui um aumento significativo da frequência cardíaca em diversos períodos do dia. A consequência é a elevação da temperatura do organismo. Há basicamente duas formas fisiológicas de refrigerar o corpo: suando ou hiperventilando. O suor excessivo e a hiperventilação, por sua vez, fecham o ciclo que estimula ainda mais a ansiedade e o aumento das batidas do coração.      

Hiperidrose sempre tem mau cheiro?

Não. Como já mencionamos, Hiperidrose e bromidrose nem sempre estão juntas. Isso quer dizer que é possível que uma pessoa que sue muito não tenha mau cheiro. O odor é uma consequência da ação de bactérias que se alimentam da secreção gerada pela glândula apócrina. Essa ação varia de pessoa para pessoa. Na prática, vemos pacientes somente com Hiperidrose, somente com bromidrose, e com as duas condições associadas. Não há uma regra. 

No que consiste o tratamento da Hiperidrose? 

Há muitas técnicas que têm como objetivo eliminar tanto a Hiperidrose quanto a bromidrose. Porém, nem todas com resultados considerados excelentes. O uso de antibióticos, desodorantes fortes, toxina botulínica e cirurgia de Simpatectomia são os mais comuns. A toxina, por exemplo, possui um resultado curto (4-5 meses), porém satisfatório para Hiperidrose, mas não para bromidrose. Já a Simpatectomia consiste na cirurgia de remoção do nervo simpático principal e gera um efeito adverso de suor compensatório, ou seja, o paciente deixa de suar nas axilas e passa a ter suor em outras partes do corpo.

Qual a melhor técnica?

A técnica que eu uso em meus pacientes consiste em resolver o problema em sua raiz, ou seja: nas glândulas apócrinas. A Adenectomia, como é chamado o procedimento, baseia-se na retirada, uma a uma, de cerca de 90% das glândulas que estão na região da axila. 

É importante ressaltar que existem dois tipos de glândulas: as écrinas e as apócrinas. Agimos somente sobre as apócrinas, pois são as que, junto com a água, também liberam as proteínas e gorduras que são alvo das bactérias que geram mau cheiro. 

Durante o procedimento, são retiradas centenas dessas glândulas, do tamanho de uma cabeça de alfinete. Ao mexer no local, também fica à critério do médico e do paciente fazer a retirada definitiva dos pelos da região. 

Como funciona a cirurgia de Adenectomia?

A Adenectomia é um procedimento ambulatorial, com anestesia local. O paciente faz a cirurgia, que dura em torno de uma hora, e vai embora em seguida. A recuperação costuma ser bastante rápida e dificilmente há necessidade de uso de analgésicos. 

O único incômodo e impeditivo é que, nos 4 a 5 dias seguintes à cirurgia o paciente precisa ficar com os braços elevados. Como o corte é na axila, o pós-operatório é feito com braços erguidos a maior parte do tempo. No entanto, é possível se alimentar, tomar banho, pentear os cabelos e todas as tarefas normais do dia a dia. 

Tratamento da Hiperidrose e Bromidrose: dúvidas comuns

A seguir, o cirurgião plástico do Hospital SOS Cárdio, Aristóteles Scipioni (CRM-SC 14083 / RQE-SC 10341), esclarece algumas dúvidas comuns sobre o tratamento da Hiperidrose e da Bromidrose. Confira:

Existe risco de risco de lesão de gânglio ou nervo na Adenectomia?

Não é preciso se preocupar com o risco de lesão de gânglio ou nervo, porque o corte é muito superficial. Tanto que a maior parte dos pacientes relata uma dor tão pequena após a cirurgia que o analgésico é receitado somente para o último caso. Quando não há dor, não é preciso nenhuma medicação. 

Há alguma contraindicação à cirurgia de tratamento da Hiperidrose?

O procedimento só é contra indicado se houver alguma infecção, micose, alergia ou ferida na axila. Também são vetados os pacientes que possuem restrição para qualquer tipo de procedimento, como contraindicações cardiológicas ou clínicas.

A glândula apócrina pode voltar com o passar do tempo?

Não. Como não faz nenhuma falta para o organismo, uma vez retirada ela não retorna, ou seja, é uma cirurgia definitiva. 

O mau cheiro do suor vai embora 100% no tratamento da Hiperidrose ?

Alguns pacientes reclamam que ainda resta odor após a cirurgia de tratamento da Bromidrose. No entanto, o que percebemos na prática é que a pessoa que sofre com o problema decora muito fácil aquele odor e é capaz de senti-lo com mais facilidade que outras pessoas. Portanto, se for reduzido 90% do cheiro, para o paciente que tem o nariz bem apurado, os 10% que ainda restaram serão sentidos. O ideal é que outra pessoa acompanhe e sinta por ele.

No pós operatório, recomenda-se que o paciente fique 3 a 4 meses sem usar desodorante pra testar bem. Se antes, 5 minutos após o banho, já havia mau cheiro, após a cirurgia ele irá aparecer após 6 a 7 horas. É claro que alguém que fica 24 horas sem usar desodorante terá um pouco de odor normal, mas nada comparado à condição anterior.

Sobre o Autor:  Dr. Aristóteles Scipioni, Cirurgião Plástico (CRM-SC 14083 / RQE-SC 10341) é graduado em Medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina. É especialista em Cirurgia Plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, com especialização pelo Hospital Brigadeiro, em São Paulo. É membro titular da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia e membro da ISAPS, The International Society of Aesthetic Plastic Surgery. Fellow em Cirurgia Plástica Videoendoscópica de Face com Dr. Renato Saltz, em Salt Lake City, Utah – Estados Unidos. Faz parte do corpo clínico do Hospital SOS Cárdio, na especialidade de Cirurgia Plástica.

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