O câncer de mama é o tumor maligno mais comum entre as mulheres. A doença – que pode assumir diferentes formas e níveis de agressividade – corresponde a proliferação de células anormais, que levam à formação de tumores na mama. Estes, podem se disseminar pelo organismo, através da formação de metástases em outros órgãos.
Em 2017, foram registrados no Brasil mais de 50 mil novos casos da doença. Enquanto nos países desenvolvidos a mortalidade relacionada ao câncer de mama foi reduzida, em nosso País ela continua aumentando. O principal motivo é a dificuldade de acesso da população aos métodos de diagnóstico e ao tratamento.
O câncer de mama é classificado pela extensão em estágios. Isso depende da sua progressão na mama, nos gânglios axilares e também para demais órgãos como fígado e pulmões, por exemplo. O estágio mais inicial é o estágio I, quando a doença está restrita à mama. O mais avançado é o estágio IV, quando já existem metástases.
Nos Estados Unidos, o acesso aos exames permite o diagnóstico precoce e faz com que a maioria dos casos estejam no estágio 1, onde as chances de cura são em torno de 90% .
“No Brasil, a falta de informação e acesso aos exames de diagnóstico faz com que a maior parte das mulheres descubra a doença no estágio 2/3. Nestes, as chances de cura caem dramaticamente, chegando a índices inferiores a 50%.” Dra. Adriana Magalhães de Oliveira Freitas, Médica Mastologista (CRM 9986-SC).
Prevenção do Câncer de Mama
Diferente do que muitos pensam, apenas 10% dos casos de câncer de mama têm origem genética. A doença, na maior parte dos casos, é esporádica e provocada por um conjunto de fatores relacionados à qualidade de vida das mulheres. São eles:
- Sedentarismo;
- Sobrepeso;
- Estresse excessivo;
- Alimentação inadequada;
- Consumo periódico e excessivo de bebidas alcoólicas.
Para prevenir o câncer de mama, é fundamental que as mulheres adotem um estilo de vida mais saudável e equilibrado.
“Mulheres com mais de 40 anos, que não praticam atividade física aeróbica e estão acima do peso, têm mais chances de desenvolver câncer de mama. O mesmo vale para as mulheres estressadas e que consomem bebidas alcoólicas regularmente.” Dra. Adriana Magalhães de Oliveira Freitas, Médica Mastologista (CRM 9986-SC).
Da mesma forma que cada hábito nocivo contribui aos poucos – ao longo de toda a vida – para o surgimento da doença, gestos saudáveis podem ajudar a preveni-la.
Ter uma dieta equilibrada, controlar o peso, consumir menos bebidas alcoólicas, adotar um estilo de vida menos estressante e praticar atividades físicas regularmente são alguns deles.
Os homens também podem desenvolver o câncer de mama, mas esses casos são minoria.
Gravidez
As modificações fisiológicas provocadas pela gestação podem ajudar a prevenir o câncer de mama. Especialmente em mulheres com menos de 30 anos e que amamentam o bebê por mais de 6 meses.
“A gravidez estimula a produção do hormônio estriol, que amadurece os os tecidos mamários. Esses tecidos maduros são menos suscetíveis ao câncer de mama” Dra. Adriana Magalhães de Oliveira Freitas, Médica Mastologista (CRM 9986-SC).
Diagnóstico do Câncer de Mama
As mulheres devem conhecer o próprio corpo desde cedo. Observar e tocar as mamas regularmente é um cuidado que deve ser tomado por todas.
No entanto, como o câncer – especialmente nos estágios iniciais – não costuma apresentar sintomas claros, o acompanhamento médico com solicitação dos exames adequados é indispensável.
Geralmente, as pessoas não são treinadas para identificar os nódulos cancerígenos, especialmente os menores. Daí a necessidade de exames de rastreamento, dos quais o mais importante é a mamografia.
“Uma mulher com câncer pode fazer o autoexame, ter uma falsa sensação de segurança e não procurar o médico. Quando isso acontece, geralmente o diagnóstico acaba sendo tardio e as chances de cura, menores.” Dra. Adriana Magalhães de Oliveira Freitas, Médica Mastologista (CRM 9986-SC).
O Ginecologista é o médico que orienta e acompanha a realização dos exames periódicos. Mulheres acima de 40 anos devem realizar a mamografia todos os anos. Em alguns casos, o ultrassom das mamas também pode ser solicitado.
“Algumas mulheres têm medo de realizar a mamografia. Entretanto, esse é o melhor exame para diagnosticar o câncer de mama. Com a mamografia, é possível identificar a doença em seus estágios iniciais, quando as chances de cura são maiores.” Dra. Adriana Magalhães de Oliveira Freitas, Médica Mastologista (CRM 9986-SC).
Nenhum exame substitui a mamografia.
Caso alguma anormalidade tenha sido identificada nestes exames, o ginecologista geralmente encaminha o paciente para o médico mastologista, especialista no estudo, diagnóstico e tratamento das glândulas mamárias.
Tratamento Moderno
O tratamento do câncer de mama evoluiu muito nos últimos anos. Ele varia de acordo com as características de cada caso. Pode envolver cirurgia, quimioterapia, medicação hormonal, vacinas e radioterapia.
Antigamente, todos as pacientes com tumores maiores do que 1 centímetro eram encaminhadas para a quimioterapia. Hoje, é possível realizar uma avaliação molecular da doença, para saber se isso é realmente necessário e quais são as melhores alternativas.
“Com a avaliação molecular, mais de 40% das pessoas que eram encaminhadas para a quimioterapia não precisam passar mais por esse tipo de intervenção.” Dra. Adriana Magalhães de Oliveira Freitas, Médica Mastologista (CRM 9986-SC).
Outro grande avanço foi dado na cirurgia. Antes, grande parte do tratamento cirúrgico era mutilante. Hoje, é possível fazer o mesmo procedimento com técnicas minimamente invasivas, que preservam a estética dos seios.
“Para isso, o diagnóstico precoce é fundamental. Quanto antes o paciente identificar a doença e iniciar os cuidados médicos, maiores as chances de cura e menor tende a ser o impacto causado pelo tratamento.” Dra. Adriana Magalhães de Oliveira Freitas, Médica Mastologista (CRM 9986-SC).
Sobre a autora: Dra. Adriana Magalhães de Oliveira Freitas (CRM 9986-SC), é médica com Título de Especialista em Mastologia pela Sociedade Brasileira de Mastologia. Formada pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro, com residência médica em Ginecologia e Obstetrícia, possui especialização em Oncologia Ginecológica pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente é membro da Diretoria da Sociedade Brasileira de Mastologia, Regional Santa Catarina (Triênio 2017-2019). É responsável pela coordenação de reuniões científicas multidisciplinares voltadas para o estudo do câncer de mama em Florianópolis.