Depressão resistente: implantes para tratamento aplicados pela primeira vez no Brasil

Neurocirurgia

A depressão resistente é um problema médico grave que atinge parte da população mundial, podendo gerar incapacidade e outros transtornos. De acordo com o Ministério da Saúde, há maior incidência entre a população adulta, mas seus sintomas podem iniciar em qualquer idade. O tratamento para a doença, portanto, é essencial. E, pela primeira vez no Brasil, foram realizadas cirurgias de implante de um dispositivo de estimulação do nervo vago como alternativa aos tratamentos medicamentosos. 

Como funciona o implante?

O procedimento é realizado ambulatorialmente, com o paciente sedado. Consiste no implante de um pequeno dispositivo sob a pele, capaz de estimular o nervo vago e propagar sinais elétricos ao cérebro. Dessa forma, acontece a ativação dos neurotransmissores e das áreas cerebrais associadas ao humor. 

“No tronco cerebral, encontramos o ‘núcleo do trato solitário’, onde as fibras do nervo vago estão conectadas. Esse núcleo processa informações de todo o corpo e reage a alterações, como o aumento da frequência cardíaca. Ele também intercede em problemas, como distúrbios digestivos, regulando a acidez. Esse controle neurológico é crucial, com o nervo vago desempenhando um papel central.” – Dr. Wuilker Knoner Campos (CRM/SC 12148 – RQE 9242)

Em suma, o funcionamento do aparelho se assemelha à do dispositivo popularmente conhecido como marca-passo. Tendo em vista que a cirurgia é simples e rápida, quase todos os pacientes recebem alta no mesmo dia.

Resultados promissores nos quadros de depressão resistente

Nos Estados Unidos, os geradores foram aprovados em 2017 pelo FDA, órgão regulador de produtos de saúde e alimentação. Os testes clínicos, por sua vez, iniciaram-se em 2018. Conforme os resultados demonstram, houve uma melhora significativa da depressão refratária em grande parte dos pacientes envolvidos na pesquisa, além da recuperação completa em diversos casos. Na Europa, o sistema recebeu a aprovação em 2018.

Até o momento, somente três países oferecem a alternativa de tratamento:

  • Brasil;
  • Estados Unidos;
  • Inglaterra.

Regulamentação do sistema no Brasil

Esse sistema recebeu a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2019 e já vinha sendo utilizado em pacientes com crises epilépticas desde então. 

O dispositivo permite ao médico adequar o funcionamento às respostas e necessidades específicas dos pacientes. Além disso, seus efeitos colaterais são leves e se tornam mais imperceptíveis com o tempo, o que possibilita o uso de outros tratamentos concomitantes, como psicoterapia e medicação. 

Realização do procedimento para tratar a depressão resistente

Segundo o Dr. Wuilker Knoner Campos (CRM/SC 12148 – RQE 9242), neurocirurgião responsável pelo procedimento no Brasil e chefe do Serviço de Neurocirurgia do Hospital SOS Cárdio, os pacientes que receberam o implante já haviam passado por outros tratamentos para a depressão resistente, sem sucesso. Dessa forma, o procedimento se constitui em uma nova perspectiva de tratamento ao grupo de pessoas que sofrem com o problema.

Em resumo, a implantação do gerador como alternativa aos tratamentos medicamentosos para a depressão resistente marca um importante avanço médico no Brasil. Os resultados promissores obtidos por meio do método abrem caminho para uma nova abordagem terapêutica no tratamento dessa grave doença, proporcionando esperança e alívio aos pacientes. Espera-se que a aplicação do dispositivo se torne mais comum no país após as primeiras cirurgias, realizadas pelo Dr. Wuilker no Hospital SOS Cárdio, em 11 de agosto de 2023.

Referências

Granchi, Giulia. Como funciona implante para tratar depressão resistente aplicado pela 1ª vez no Brasil. BBC News, 2023. Disponível em: www.bbc.com. Acesso em: 16 de ago. 2023.

A Different Approach to Treat Difficult-to-Treat Unipolar and Bipolar Depression. LivaNova, 2023. Disponível em: www.livanova.com. Acesso em: 16 de ago. 2023.

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