Cardio-oncologia: cuidando de corações na jornada contra o câncer

Cardio-Oncologia, Cardiologia

A cardio-oncologia consiste em uma subespecialidade médica que une os profissionais envolvidos no cuidado das pessoas que têm ou tiveram câncer. Essa subespecialidade surgiu a partir da necessidade de estabelecer uma relação colaborativa entre a cardiologia e a oncologia, devido à significativa interação entre as doenças cardiovasculares e o câncer.

Em relação ao número de centros especializados ao redor do mundo, a cardio-oncologia tem avançado exponencialmente. Além disso, a área se expandirá ainda mais ao longo dos próximos anos. 

Neste texto, o Dr. João Pedro Passos Dutra (CRM 26943 | RQE 17060), cardiologista do Hospital SOS Cárdio, apresenta os avanços da cardio-oncologia e a sua importância no tratamento do câncer.

Os desafios da cardio-oncologia

As doenças cardiovasculares e o câncer são as duas principais causas de mortalidade ao redor do mundo. Essas doenças apresentam muitos fatores de risco em comum, como tabagismo, sedentarismo, hipertensão arterial, diabetes e obesidade. 

Com a evolução dos tratamentos oncológicos, diversos tipos de câncer passaram a ser doenças crônicas, ou seja, passaram a possuir duração longa e exigir cuidados contínuos. Isso se deve ao fato de que, atualmente, as chances de sobreviver ao câncer são muito maiores. E, para cada tratamento, há um efeito colateral diferente. Tratamentos como radioterapia, quimioterapia, cirurgias e uso de medicamentos contra o câncer podem ocasionar problemas cardíacos.

A cardio-oncologia surgiu devido ao seguinte fato: os pacientes que recebem a quimioterapia da classe das antraciclinas, conhecida como quimioterapia vermelha, apresentam um risco maior de possuírem danos no coração pelo seu uso. Com o avanço da oncologia e com o surgimento de inúmeros tratamentos oncológicos, houve o aparecimento também de diferentes efeitos colaterais relacionados a tais terapias. Assim, é importante que o cardiologista esteja familiarizado com os diferentes cuidados do paciente, que variam  de acordo com o tipo de câncer e com o tipo de tratamento que está sendo utilizado.

No que concerne ao cuidado dos portadores de câncer, o cenário ideal é aquele no qual os médicos cardiologistas auxiliam os oncologistas e os hematologistas, principalmente quando as pessoas já possuem doenças cardiovasculares ou apresentam fatores de risco, como: 

  • Hipertensão arterial;
  • Diabetes;
  • Uso de tratamentos associados a efeitos colaterais cardiovasculares.

Aliança entre cardiologistas e oncologistas

Alguns fatores, como o tipo de quimioterapia realizada e a dosagem utilizada exercem influência sobre os cuidados tomados. Por isso, a comunicação entre o cardiologista e o oncologista é fundamental. A troca de informações, seja por meio de uma carta enviada pelo oncologista ou do relato trazido pelo próprio paciente, faz toda a diferença.

Vale ressaltar que a principal finalidade da cardio-oncologia é permitir que os pacientes recebam o melhor tratamento oncológico, com o menor risco de efeito colateral possível. Dessa forma, o cardio-oncologista será um auxiliar do oncologista na jornada de tratamento, tornando, muitas vezes, desnecessário suspender medicamentos importantes contra o câncer. Em suma, o cardio-oncologista ajudará na avaliação do risco-benefício e auxiliará nos cuidados cardiovasculares durante o seguimento.

O papel da cardio-oncologia

A cardio-oncologia desempenha um papel essencial na jornada dos pacientes oncológicos. À medida que os tratamentos oncológicos evoluem e as chances de sobrevivência aumentam, a necessidade de uma abordagem integrada entre a cardiologia e a oncologia se torna cada vez mais evidente. O surgimento desta subespecialidade proporcionou avanços significativos para a medicina, permitindo que pacientes com câncer enfrentem os desafios relacionados ao tratamento e ao risco de problemas cardíacos com um suporte especializado.

É vital compreender que a cardio-oncologia não busca a suspensão de tratamentos oncológicos, mas sim a otimização dos cuidados, avaliando os riscos e benefícios de forma individualizada. A comunicação estreita entre profissionais de ambas as áreas e a troca de informações são os alicerces dessa abordagem colaborativa.

Cenário atual da cardio-oncologia

Nesse cenário, a cardio-oncologia desempenha um papel essencial na promoção da saúde e no aumento da qualidade de vida dos pacientes oncológicos. A contínua pesquisa e aprimoramento na área garantirão que o tratamento do câncer seja não apenas eficaz, mas também seguro, oferecendo esperança a todos aqueles que enfrentam essa jornada desafiadora. Como cardio-oncologistas, estamos comprometidos em melhorar a saúde daqueles que enfrentam o tratamento do câncer.


Sobre o autor: Dr. João Pedro Passos Dutra (CRM 26943 | RQE 17060) é um cardiologista e ecocardiografista do Hospital SOS Cárdio e do Hospital CEPON (Centro de Pesquisas Oncológicas), em Florianópolis/SC. Possui Certificado em Cardio-Oncologia pela International Cardio-Oncology Society (IC-OS), Master em Cardio-Onco-Hematologia pela SEIC/Universidad Francisco de Vitoria, Madrid, e Pós-Graduação em Cardio-Oncologia pela Galen Academy/BCRI, onde atualmente atua como Professor. Além disso, é membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia, do International Cardio-Oncology Society (IC-OS), do Grupo Brasileiro de Cardio-Oncologia e secretário do grupo de estudos em Amiloidose (IC-OS).

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