Valva Mitral: plastia ou troca?

Cardiologia, Saúde, Tratamentos

A cirurgia da valva mitral consiste em dois tipos: as trocas valvares e a cirurgia de reparo da valva. Essa última, chamada plastia valvar, vem ganhando grande importância na área médica.

As doenças que acometem a valva mitral dividem-se em dois grandes grupos. Em um, estão as doenças degenerativas da valva, cujo tratamento principal é a plastia. No outro, estão as doenças relacionadas às consequências das lesões causadas na valva por doenças reumáticas.

Os pacientes jovens são os mais acometidos por essas lesões que influenciam no estado da valva mitral. Normalmente, não é possível realizar a plastia nesses casos, devido à extensão dos danos gerados. Por este motivo, nos casos relacionados às doenças reumáticas, a indicação médica é a substituição da valva, na maioria dos casos.

Por que a plastia tem um resultado ruim nas sequelas da doença reumática? A seguir, Dr. Sérgio Lima de Almeida, cirurgião Chefe do Serviço de Cirurgia Cardiovascular do Hospital SOS Cárdio, esclarece essa questão.

Plastia da Valva Mitral 

Segundo o especialista em cirurgia cardiovascular, a plastia nada mais é do que um reparo na valva mitral que estava doente. Esse reparo pode ser feito de algumas maneiras. Assim, uma das opções é corrigir o tecido degenerado dessa valva. 

“A valva mitral tem determinadas estruturas que se assemelham às cordas de paraquedas. Essas cordas podem ser encurtadas, alongadas ou substituídas quando o problema da valva mitral se relaciona a um defeito nessas estruturas”. – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)

Normalmente, na cirurgia de plastia da valva mitral, após a correção do defeito da valva, é colocado um anel em torno dela. O objetivo desse procedimento é aumentar a durabilidade da plastia. Ao contrário do que acontece com as próteses biológicas, esse anel não deteriora. Além disso, é importante saber que dispensa o uso de anticoagulantes após a cirurgia.

A plastia valvar é o principal tratamento para os casos de insuficiência mitral degenerativa. As técnicas aplicadas no procedimento cirúrgico são definidas de acordo com o defeito que está comprometendo o bom funcionamento da valva mitral.

Prótese Valvar Mitral: mecânica ou biológica

Quando não é possível fazer a plastia, a alternativa é realizar a colocação de uma prótese valvar. Essa prótese pode ser tanto biológica quanto mecânica

Durabilidade

A grande diferença das próteses biológicas, na posição mitral, ou seja, quando são utilizadas para a troca da valva mitral, está na durabilidade. Em geral, as próteses biológicas na posição mitral duram menos do que na posição aórtica. Isso se deve ao fato de a valva mitral trabalhar com maior pressão do que a valva aórtica, no seu regime de fechamento. Em razão disso, o processo degenerativo, comum das próteses biológicas, é mais acelerado na posição mitral .

Mas, apesar da duração menor, as próteses biológicas em posição mitral obedecem ao padrão de funcionamento da valva em posição aórtica. Assim, quanto mais idoso o paciente, mais lento é o processo degenerativo. Dessa forma, para pacientes de maior idade, costuma ser recomendada a utilização de próteses biológicas ao invés de mecânicas.

Anticoagulantes

Já os pacientes para os quais é orientado o uso de próteses mecânicas em posição mitral, é necessário um cuidado maior com a questão do uso de anticoagulante, devido ao risco de trombose. O risco de trombose em posição mitral é maior que o risco em posição aórtica.

“Esses problemas relacionados à troca de valva mitral, ou seja, uma durabilidade menor das próteses biológicas em posição mitral, quando comparadas com as próteses aórticas, e a exigência de um controle maior com anticoagulação para as próteses mecânicas em posição mitral, quando comparada com a prótese aórtica, fazem da doença valvar mitral uma doença que requer muito mais critério na tentativa de se buscar a plastia e conservação da valva do paciente. Por este motivo, hoje, as técnicas de plastia vem se desenvolvendo cada vez mais, em uma tentativa de se retardar ou evitar ao máximo a colocação de uma prótese”. – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)

Os avanços são necessários especialmente quando o paciente é jovem. A razão disso é outra questão abordada pelo cirurgião cardiovascular, Dr. Sérgio Lima de Almeida.

Risco da Doença Valvar Mitral para Pacientes Jovens

O cirurgião explica que, quanto mais jovem o paciente com doença valvar mitral, mais complexo é o problema. Caso necessite de uma prótese, a durabilidade não será longa se a prótese for biológica. Em contraste, sendo a prótese mecânica, há a necessidade do uso do anticoagulante por toda a vida.

Conforme já foi mencionado anteriormente, geralmente o paciente jovem com problemas na valva mitral é o que apresenta doença reumática. Consequentemente, é o perfil de paciente em que a plastia dificilmente servirá para solucionar o problema de saúde. 

Por esta razão, a indicação médica é para que seja feito o controle rigoroso das infecções de garganta nas crianças. Isso porque essas infecções são os principais desencadeadores da doença reumática. 

“A sugestão para os pais é para que sempre discutam com os pediatras a respeito desse cuidado”. – Dr. Sergio Lima de Almeida, Cirurgião Cardiovascular em Florianópolis/SC (CRM 4370 / RQE 5893)

Também é importante que todo paciente que vai se submeter a uma cirurgia cardíaca receba as orientações adequadamente. O Hospital SOS Cárdio possui um Manual de Orientações sobre Cirurgia Cardiovascular . Este material está disponível a todos os pacientes e seus familiares, que podem consultá-lo gratuitamente em nosso site.

Sobre o Autor:

Dr. Sergio Lima de Almeida (CRM 4370 / RQE 5893) é cirurgião cardiovascular em Florianópolis/SC, chefe do Serviço de Cirurgia Cardíaca do Hospital SOS Cárdio e da Equipe Seu Cardio. Formado em Medicina pela Universidade Federal do Estado de Santa Catarina – UFSC e com residência na Beneficência Portuguesa, na equipe do Dr. Sergio Oliveira, aperfeiçoou-se em plastia de válvulas na Cleveland Clinic, acompanhando Dr. Delos Cosgrove, e em cirurgia de cardiopatia congênita complexa, no Children Hospital – Harvard Medical School, acompanhando Dr. Aldo Castañeda. Foi também cirurgião cardiovascular do Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis/SC, por 10 anos. Realiza diariamente procedimentos como: cirurgias de revascularização do miocárdio, cirurgia de plastias e trocas valvares e cirurgias da aorta, além de implantes de marcapassos cardíacos. Com grande experiência em idosos, vem abordando o tema em congressos nacionais e internacionais. Atua com abordagem tradicional e minimamente invasiva.

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