Enxaqueca: causas, tratamentos e relação com o AVC

Neurologia

Existem muitos tipos de dores de cabeça, também chamadas de Cefaléias. A mais comum delas é a Cefaleia Tensional, geralmente sentida como um aperto ao redor do crânio e não muito intensa. O segundo tipo mais freqüente de dor de cabeça é a Enxaqueca (ou migrânea).

A Enxaqueca costuma ser bem mais intensa do que a Cefaléia Tensional e é a principal responsável pelos atendimentos médicos de emergência devido a dor de cabeça. A dor é de caráter pulsátil e pode afastar as pessoas do trabalho e do convívio social.

A Organização Mundial da Saúde classificou a Enxaqueca (migrânea) como a 19ª causa de invalidez na população geral e como a 12ª causa de invalidez entre mulheres.

É importante ressaltar que quando um paciente com cefaléia primária não recebe tratamento e seguimento médico adequado, a queixa tende a cronificar-se. O agravo da doença também pode ocorrer por uso abusivo de medicamentos analgésicos na busca do alívio sintomático.

Nesse texto, nós mostraremos para você como a enxaqueca acontece, quais são os seus principais sintomas, tratamentos e as relações da doença com o Acidente Vascular Cerebral (AVC).

O que é a enxaqueca?

A enxaqueca é uma doença neurológica caracterizada por episódios recorrentes de dor de cabeça unilateral ou bilateral, geralmente de caráter latejante. Por poder ser de forte intensidade, a enxaqueca requer atendimento médico de emergência em muitos casos.

Na forma crônica, os pacientes chegam apresentar 15 ou mais dias de crise durante o mês. Alguns sintomas que ocorrem de forma associada são náuseas e vômitos, alterações visuais e, menos frequentemente, alterações de sensibilidade e força, que podem simular sintomas de acidente vascular cerebral (AVC) ou acidente isquêmico transitório (AIT).

O problema é multifatorial e suas causas estão geralmente associadas à alterações nos neurotransmissores como a serotonina, à moléculas responsáveis pela inflamação, às características genéticas (histórico familiar) e a oscilações hormonais.

Nas mulheres, é muito comum que a frequência e a intensidade da enxaqueca aumentem no período pré-menstrual e menstrual, e sejam reduzidas durante a gravidez e lactação.

A gravidez e o uso de contraceptivos orais é um tema muito importante nesse contexto. Mulheres que usam medicamentos para controlar a enxaqueca e que pretendem engravidar devem avisar os seus médicos o quanto antes. Estes medicamentos podem interferir na gestação e na saúde do bebê. Além disso, o uso de alguns tipos de anticoncepcionais via oral pode aumentar o risco de AVC em mulheres com síndromes específicas de enxaqueca.

Gatilhos da Enxaqueca

No passado, acreditava-se que existia um tipo de personalidade associada à enxaqueca, caracterizada por tensão emocional, rigidez de atitudes e pensamento, meticulosidade e perfeccionismo. Entretanto, análises mais aprofundadas não estabeleceram relação entre enxaqueca e um tipo de personalidade específica.

O relato de homens e mulheres que sofrem de enxaqueca quando estão estressados é frequente. Outras pessoas, no entanto, sofrem de enxaqueca nos momentos de relaxamento, como nos fins de semana e nas férias.

A enxaqueca ainda não foi atribuída a um mecanismo de doença específico. Porém, estudos sugerem que modificações na atividade do hipotálamo (região profunda e central do cérebro), alterações vasculares e atividade inflamatória sejam responsáveis pelos sintomas.

Também se sabe que o consumo de alguns tipos de alimentos e substâncias pode servir como gatilho para uma crise de enxaqueca nos indivíduos predispostos. Entre eles, estão:

  • Bebidas com cafeína;
  • Alimentos industrializados com alto teor de corantes e conservantes;
  • Alimentos com maiores concentrações de glutamato monossódico
  • Carnes embutidas como salame, presunto, salsicha e mortadela, que utilizam nitritos e nitratos como conservantes;
  • Bebidas alcoólicas;
  • Chocolate.

Sintomas

Durante as crises, os pacientes com enxaqueca relatam uma dor intensa e latejante, que parece pulsar e migrar pela cabeça (daí o nome migrânea). Esse quadro pode durar por horas ou dias. Costuma ser precedido e acompanhado pelo o que os médicos chamam de Aura.

A Aura é um sintoma neurológico e geralmente visual. Ela surge minutos antes da crise de enxaqueca, desenvolve-se gradualmente ao longo de 5-20min e dura menos 1h. As queixas mais comuns são a perda de campo visual, o surgimento de flashes de luz, de pontos cintilantes ou de pontos escuros na visão.

Durante as crises, os pacientes com enxaqueca também costumam sofrer com:

  • Náuseas;
  • Vômitos,
  • Sensibilidade à luz, cheiro e som.

Diagnóstico

Os pacientes que apresentam os sintomas descritos acima devem procurar um médico Neurologista. O diagnóstico da doença é feito através de história clínica e exame físico; se baseia nas características individuais de cada pessoa.

A enxaqueca não pode ser considerada apenas uma dor de cabeça inocente. Cada caso deve ser avaliado cuidadosamente. Medicar-se sem orientação médica pode agravar o quadro. Além disso, algumas doenças em que o risco de Acidente Vascular Cerebral é real, frequentemente se mascaram como enxaqueca.

Risco de AVC

Pessoas que sofrem de enxaqueca possuem risco maior de sofrerem com Acidente Vascular Cerebral (AVC). O problema acontece quando alguma região do cérebro deixa de receber sangue com oxigênio e nutrientes, provocando a morte de células cerebrais. Existem duas formas de AVC:

  • Acidente Vascular Cerebral Isquêmico: Representa a maioria dos casos de AVC. É causado pela obstrução ou redução brusca do fluxo sanguíneo em uma artéria do cérebro, o que causa a falta de circulação de sangue na região.
  • Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico: São os casos em que um vaso se rompe espontaneamente e há extravasamento de sangue para o interior do cérebro.

Através de estudos, alguns investigadores levantaram a hipótese de que a enxaqueca provoca um aumento da atividade de agregação plaquetária no sangue, altera o calibre dos vasos cerebrais e provoca um estado de aumento de coagulabilidade local. Isso aumenta as chances a formação de trombos (coágulos), o que pode provocar a obstrução de vasos arteriais no cérebro, levando a maior risco AVC Isquêmico.

Importante: Mulheres que sofrem com enxaquecas devem ter cautela ao utilizar determinados tipos de anticoncepcionais hormonais. O risco de Acidente Vascular Cerebral pode aumentar em alguns casos.  O médico ginecologista deve ser informado acerca dos sintomas de dor de cabeça. Abaixo, você vai conhecer outras medidas de prevenção.

Prevenção: Enxaqueca x AVC

Estudos em grandes populações mostram que pessoas que sofrem de enxaqueca têm risco aumentado de Acidente Vascular Cerebral. Dessa forma, pacientes que sofrem com este problema devem evitar e tratar com atenção os fatores de risco para doença vascular como a hipertensão arterial, o tabagismo, o diabetes e a obesidade.

Diferente do que muitos pensam, na maioria dos casos, o AVC isquêmico não provoca dores na cabeça. Seus principais sintomas estão relacionados com dificuldades motoras repentinas, perda de sensibilidade, paralisia de um lado do corpo e dificuldades para falar. No caso de algum desses sintomas, procure imediatamente o serviço médico de emergência mais próximo.

Tratamento da enxaqueca

Os cuidados com a enxaqueca não devem ser adiados sob risco de agravamento do quadro. Quanto antes o paciente com enxaqueca obtém acesso ao tratamento e controle dos sintomas, melhor tende a ser a sua evolução.

É muito importante lembrar que o uso de medicamentos sem orientação médica pode agravar ainda mais o quadro e levar a intoxicação medicamentosa. Isso também expõe o paciente a complicações em outros órgãos como coração, rins, estômago e fígado.

As terapêuticas com medicamentos se dividem entre profiláticas (prevenir novas crises) e abortivas (tratar crises estabelecidas). Também existem maneiras de se tratar enxaqueca sem uso de medicação – e com evidência científica de eficácia.

O diagnóstico e a prescrição de remédios e terapias para enxaqueca deve ser realizada apenas pelo seu médico. Se precisar de ajuda, você pode consultar com os especialistas do nosso corpo clínico. Acesse aqui e conheça-os.

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