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Cirurgia Metabólica: chance de cura para Diabetes Tipo 2

A síndrome metabólica é constituída por uma série de problemas interdependentes, que provocam e são provocados ao mesmo tempo pela obesidade, pelo diabetes, pela hipertensão e pelos altos níveis de colesterol no sangue. O Infarto Agudo do Miocárdio e o Acidente Vascular Cerebral (AVC) estão entre consequências. A cirurgia metabólica reduz consideravelmente os riscos desses eventos.

Abaixo, o Dr. Paulo Roberto de Miranda Gomes Junior,  (CRM 9547 / RQE 7019), Médico Cirurgião Bariátrico do Hospital SOS Cárdio, explica como a síndrome metabólica acontece e como a cirurgia metabólica é realizada.

Reconhecimento

A cirurgia que tem por objetivo curar o diabetes e a síndrome metabólica é conhecida como cirurgia metabólica. O procedimento é o mesmo da cirurgia bariátrica, mas pode ser aplicada em pacientes que não são necessariamente obesos mórbidos.

“Até pouco tempo atrás, não havia um tratamento específico para a síndrome metabólica. A cirurgia bariátrica tem como foco a redução do peso. No entanto, pesquisas realizadas nas últimas décadas descobriram que esse procedimento cirúrgico também é muito eficaz na cura do diabetes. Muitos pacientes bariátricos, antes mesmo de emagrecerem, viram os seus níveis de diabetes caírem drasticamente após a cirurgia” – Dr. Paulo Roberto de Miranda Gomes Junior (CRM 9547 / RQE 7019).

E 2017, após uma série de estudos e validações internacionais, o Conselho Federal de Medicina (CFM) reconheceu, através da Resolução nº 2.172/2017, a cirurgia metabólica como opção terapêutica para pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 que tenham índice de massa corpórea (IMC) entre 30 kg/m2 e 34,9 kg/m2, desde que a enfermidade não tenha sido controlada com tratamento clínico.

Como acontece a síndrome metabólica

A síndrome metabólica e o diabetes estão muito relacionados com a alimentação. De forma geral, produtos industrializados, com alto teor de farinhas brancas e açúcares (e baixo teor de fibras e vitaminas) tendem a ser digeridos na porção inicial do intestino, os 10% iniciais.

O problema é que essa região é responsável por estimular fortemente o pâncreas a liberar insulina, hormônio que transporta o açúcar para as células, para que seja transformado em energia.

Apesar de extremamente importante, a secreção exagerada de insulina pelo pâncreas (estimulada pelos alimentos industrializados e de fácil digestão) tende a provocar uma sensação constante de fome. O que não acontece com alimentos integrais e ricos em fibras, por exemplo.

“Alimentos industrializados, à base de carboidratos simples, são digeridos rapidamente. Isso faz com que a insulina permaneça no organismo e provoque ainda mais fome. Já os alimentos integrais e ricos em fibras chegam às porções mais distantes do intestino e auxiliam na liberação de outros hormônios, que controlam os efeitos da insulina” – Dr. Paulo Roberto de Miranda Gomes Junior (CRM 9547 / RQE 7019).

Obesidade e Diabetes

A medida que come mais e não pratica exercícios físicos (sedentarismo), o paciente tende a acumular mais gordura. Além de elevar o índice de colesterol no sangue, o tecido adiposo também é responsável pela liberação de substâncias inflamatórias. Tais substâncias dificultam a sinalização entre a Insulina e as células.

Como consequência dessa falha de comunicação provocada pela gordura, o pâncreas tende a trabalhar mais e a produzir mais insulina. Dessa forma, acaba por provocar ainda mais fome no paciente.

No entanto, apesar do esforço do pâncreas, chega uma hora que esse órgão não consegue mais produzir insulina suficiente para atender a demanda. Dessa forma, além de sofrer com sobrepeso/obesidade, os níveis de açúcar no sangue do paciente também sobem. É assim que o diabetes tipo 2 se estabelece.

Como funciona a cirurgia metabólica

Vimos que além de conduzir o alimentos e extrair deles os nutrientes que necessitamos para viver, os órgãos do sistema digestivo liberam hormônios fundamentais para o correto funcionamento do organismo. O que a cirurgia metabólica faz é justamente devolver esse equilíbrio hormonal. O procedimento evita que as regiões do intestino responsáveis pela liberação exagerada de insulina sejam demasiadamente estimuladas.

“Na cirurgia metabólica nós criamos uma espécie de ponte que liga o estômago às porções mais afastadas do intestino. Com isso, o pâncreas é menos estimulado e o organismo produz uma série de outros hormônios conhecidos como peptídeos intestinais. Assim, pode-se controlar de forma muito mais eficiente o diabetes” – Dr. Paulo Roberto de Miranda Gomes Junior (CRM 9547 / RQE 7019).

Além da possibilidade de cura, os efeitos da cirurgia metabólica sobre o diabetes podem ser até 100 vezes superiores aos dos remédios mais avançados. Isso faz com que mesmo os pacientes que sofrem há anos com a síndrome metabólica – e que por ventura não possam ser curados – reduzam o uso de remédios consideravelmente.

Quem pode fazer a cirurgia metabólica?

Para realizar a cirurgia metabólica, o paciente deve possuir Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 30kg/m2. Além disso, deve:

De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), a indicação cirúrgica se dará por dois médicos especialistas em endocrinologia, mediante parecer fundamentado que ateste a refração ao tratamento clínico otimizado com uso de antidiabéticos orais e/ou injetáveis, além de mudanças no estilo de vida do paciente.

Por ser uma doença crônica e progressiva, os pacientes com diabetes mellitus tipo 2 que optarem por realizar a cirurgia metabólica deverão ter acompanhamento pós-operatório obrigatoriamente multiprofissional e multidisciplinar, obedecendo também a protocolo proposto pelas sociedades especializadas no cuidado dos pacientes diabéticos e pós-cirurgias bariátricas.

Sobre o autor: Dr. Paulo Roberto de Miranda Gomes Junior (CRM 9547 / RQE 7019) é médico especialista em Cirurgia Bariátrica. É graduado na primeira turma reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina na área, em 2017, e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Atua na Clínica Bariátrica Florianópolis e é cirurgião bariátrico do Hospital SOS Cárdio, em Florianópolis/SC.

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