Vimos no texto “Como prevenir e tratar varizes” que este problema é provocado por veias dilatadas, tortuosas e por disfunções que fazem com que o sangue fique represado, especialmente nas pernas e nos pés. Os sintomas relatados costumam ser dores, sensação de peso, cansaço e inchaço dos membros inferiores – principalmente no período vespertino. A cirurgia de varizes, muitas vezes, é a solução mais indicada.
“As varizes são um problema multifatorial e com componentes genéticos bastante fortes. Atingem principalmente as mulheres por conta da relação com o hormônio estrogênio, que provoca a dilatação das veias. Mulheres que passam muitas horas em pé, paradas ou que utilizam medicamentos anticoncepcionais estão mais suscetíveis às varizes. Da mesma forma, as que passaram por diversas gestações ou que precisam realizar reposição hormonal por conta da menopausa.” – Dr. João Daniel May Serafin, Cirurgião Vascular do Hospital SOS Cárdio (CRM 10132).
Felizmente, além da tradicional cirurgia de varizes, existem hoje uma série de métodos para prevenir e tratar o problema. Dependendo do caso, o acompanhamento clínico, os procedimentos a laser e com o uso de espumas especiais são bastante eficientes, menos invasivos e possibilitam uma recuperação mais rápida. Abaixo, os médicos Dr. João Daniel May Serafin (CRM 10132) e Dr. Bruno Coelho Pereira (CRM 22867), Cirurgiões Vasculares do Hospital SOS Cárdio, explicam como eles funcionam.
Acompanhamento Clínico
O acompanhamento clínico é indicado para todos os pacientes que não têm varizes, mas que já apresentam sintomas do problema. Entre eles, podemos citar inchaços, dores e sensação peso nas pernas (sinais de congestão venosa). Ele é utilizado também nos casos iniciais e no pós-operatório da cirurgia de varizes, especialmente quando o paciente possui histórico na família.
“Muitas vezes, a pessoa chega ao consultório com os sintomas típicos de varizes, reclamando que o cansaço e as dores pioram à tarde, no calor e no período pré-menstrual, por exemplo. No entanto, quando realizamos o exame físico e de eco-color-Doppler, não encontramos nada anormal. Nesses casos, indicamos o acompanhamento clínico. Além disso, orientamos sobre a necessidade da prática de exercícios físicos, do uso de meias compressivas e, se necessário, sobre o uso de medicamentos. Essas orientações dependem de cada caso. Outras medidas preventivas às varizes são: evitar tabagismo e perder peso.” – Dr. João Daniel May Serafin, Cirurgião Vascular do Hospital SOS Cárdio (CRM 10132).
Pacientes que possuem pequenas quantidades de veias dilatadas, mas que não têm necessidade, não desejam ou não podem realizar a cirurgia de varizes (como alguns idosos), também passam pelo acompanhamento clínico, para evitar que o quadro se agrave.
O mesmo acontece com as pessoas que realizam a cirurgia de varizes. Isso porque o tratamento cirúrgico corrige apenas o problema das veias que já estavam doentes. Ele não impede o surgimento de novas varizes, como veremos abaixo.
Cirurgia de Varizes e Microcirurgia
As varizes provocam alteração circulatória. Nos casos mais graves, em vez de retornar para o coração, o sangue acaba fluindo no sentido contrário. Essa alteração pode gerar uma série de sintomas, como coceira, edema, dor e feridas (úlceras venosas).
Nesses pacientes, em que as varizes são muito grandes e profundas, a cirurgia tradicional costuma ser indicada. O procedimento pode envolver a retirada total da veia safena que não está funcionando corretamente.
“Essa técnica é geralmente realizada com anestesia geral ou raquidiana. Nela, os médicos fazem duas pequenas incisões, uma no tornozelo e outra na virilha, por onde a safena é retirada.” – Dr. João Daniel May Serafin, Cirurgião Vascular (CRM 10132).
Já nas situações em que as varizes são mais superficiais e em pequenas quantidades, pode-se optar pela microcirurgia de varizes. Nesses casos, o médico faz pequenas incisões sobre as varizes e remove os vasos sanguíneos que não estão funcionando corretamente. Este procedimento de microcirurgia de varizes é realizado com anestesia local, em nível ambulatorial.
“A microcirurgia de varizes tem uma grande indicação quando o paciente apresenta um único ou poucos trajetos varicosos curtos. Nestes segmentos é aplicada anestesia local e depois são retiradas as varizes.” – Dr. Bruno Coelho Pereira, Cirurgião Vascular do Hospital SOS Cárdio (CRM 22867).
Na cirurgia tradicional de varizes, o paciente costuma voltar para casa no mesmo dia ou no dia seguinte. Já na microcirurgia de varizes, o paciente sai caminhando no final do procedimento e retorna imediatamente para a sua residência.
Cirurgia de Varizes com Laser
Essa cirurgia costuma ser indicada para pessoas com varizes estabelecidas. Ela é menos agressiva e provoca menos dores e hematomas que a cirurgia tradicional. Além disso, por conta das incisões relativamente menores e em menor número, a recuperação torna-se mais rápida.
Na cirurgia de varizes com laser, os médicos inserem um cateter (um cabo fino e flexível de alta tecnologia) nas veias doentes. O cateter, por sua vez, é ligado a um equipamento de laser que dispara contra as paredes dos vasos sanguíneos doentes, provocando uma ação térmica.
“A potência do laser é regulada de acordo com o tamanho da veia a ser tratada. Todo o procedimento é guiado por ultrassom.” – Dr. João Daniel May Serafin, Cirurgião Vascular (CRM 10132).
O laser provoca a ablação (cauterização) do segmento doente da veia. O procedimento pode ser feito tanto com anestesia geral, raquidiana ou local, a depender da análise do médico responsável. Nessa opção, os pacientes costumam sofrer com menos inchaços e efeitos colaterais no pós-operatório. Podem voltar para as atividades normais do dia a dia, como o trabalho e o estudo, de forma mais rápida.
“O início do tratamento das varizes com laser aperfeiçoou a técnica tradicional da cirurgia de varizes, tornando a cirurgia um procedimento com menor agressão, menos hematomas no pós-operatório, menor necessidade de repouso e melhor resultado estético.” – Dr. Bruno Coelho Pereira, Cirurgião Vascular do Hospital SOS Cárdio (CRM 22867).
Eco-escleroterapia ou Tratamento com Espuma
Nessa técnica, que pode ser realizada em ambulatório e sem anestesia, os médicos fazem pequenas punções sobre as varizes (semelhantes a uma injeção para retirada de sangue) e injetam uma espuma especial nos segmentos das veias que estão doentes. Assim, a espuma provoca uma ação química, que fecha a veia comprometida.
Durante o procedimento, os médicos podem utilizar equipamentos de ultrassom para monitorar exatamente o local e a quantidade de espuma necessária para cada veia.
“O tratamento com espuma é especialmente indicado para os pacientes com dificuldades para realizar a cirurgia de varizes, como os pacientes idosos ou pessoas que não podem se afastar do seu trabalho, por exemplo.” – Dr. Bruno Coelho Pereira, Cirurgião Vascular do Hospital SOS Cárdio (CRM 22867).
A Eco-escleroterapia não exige internação hospitalar. Os pacientes, no geral, podem sair do ambulatório caminhando normalmente. Entretanto, assim como as demais técnicas citadas acima, ela possui riscos. A indicação deve partir sempre do médico cirurgião vascular responsável, após uma análise criteriosa.
“Apesar da praticidade, a Eco-escleroterapia tem uma probabilidade de provocar manchas na pele no trajeto em que a espuma foi aplicada. Isso pode não ser interessante para pacientes em que a questão estética é importante e deve ser analisado com cuidado.” – Dr. João Daniel May Serafin, Cirurgião Vascular do Hospital SOS Cárdio (CRM 10132).
Os métodos citados acima tratam apenas as veias doentes e não impedem o surgimento de novas varizes. Por isso, o acompanhamento clínico e a adoção das medidas de prevenção são fundamentais.
Importante: A indicação sobre qual o melhor tratamento para varizes para cada pessoa deve ser individualizada e realizada somente pelo cirurgião vascular responsável, juntamente com o paciente.